Esta crônica é dedicada a todos os meus amigos músicos,
especialmente ao violonistas Vinícius Linhares, Cristiano Souza e Hélio Amorim.
Um belíssimo vídeo produzido pela
"Robert Schumann Hochschule" de Düsseldorf sobre os caminhos
percorridos pelo jovem estudante de música. Preso nas entranhas do cotidiano
fastiento que o circunda, ele não se deixa soçobrar. Ergue-se e caminha entusiasmadamente. Extático, sabe que segue rumo ao encontro redentor com sua arte.
Desde muito
cedo o jovem músico aprende que, nesse exército artístico chamado
"orquestra", sua sobrevivência depende da combinação de pelo menos
dois fatores: de um lado, a disciplina espartana imprescindível, idônea a
conduzi-lo ao nível técnico reclamado pelos compositores mais exigentes em suas
obras; de outro, a coragem de um soldado na frontaria, para não se render à
mediocridade generalizada das pessoas vulgares e dedicar-se a uma forma
refinadíssima de arte que hoje é vista como algo sem relevância no mundo. Daí
vem a busca contínua e ininterrupta do jovem músico pela superação dos seus
limites. Daí exsurge a síntese do seu "esforço de guerra" em prol
dessa manifestação sublimatória da arte.
Como propõe a descrição do vídeo no sítio Youtube:
"Studieren heißt, sich auf eine Reise begeben! Eine
Reise auf der man nicht nur besondere Fähigkeiten erlernt, sondern sich auch
menschlich entwickelt und man Freundschaften mit Gleichgesinnten
schließt." (Traduzo do alemão: "Estudar [música] é como embarcar
numa viagem! Uma viagem na qual não se aprende apenas habilidades especiais,
mas que traz também desenvolvimento humano e permite fazer amizade com pessoas
que tenham as mesmas afinidades.").
Essa é uma descrição perfeita do que
eu vivi nos muitos anos em que me dediquei ao estudo da música erudita no
conservatório. Para mim, estudar música, mais do que aprender a teoria musical, mais do que aprender a tocar um instrumento, significou ir ao encontro do guia que me ciceroneou até eu descobrir quem sou; o elo com as coisas que amo no mundo. Cinzelando meu talento musical, fiz amigos que me permitiram entender que a verdadeira amizade não reside no grau de parentesco, na ascendência, na linhagem sanguínea, tampouco na proximidade geográfica. A verdadeira amizade só existe na afinidade. E "afim" são as pessoas que funcionam como os instrumentos musicais numa orquestra: quando tocam suas vidas, imediatamente encontram a harmonia nos seus gostos. Eis a arte de fazer amigos! Eis tudo.
Alemanha - terra da Filosofia e da Música. Só
quem já esteve lá sabe como é grande a paixão dos germânicos pela música
erudita. Um paixão tão intensa que não encontra par em nenhum outro lugar do
planeta. E se tu viveste algum dia essa rotina de reunir-se com amigos para ensaiar
as partituras, tal qual eu vivi, é impossível não se emocionar com o
videoclipe!
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