domingo, 8 de abril de 2018

MÚSICAS RECOMENDADAS: Hélène Grimaud interpreta "Chacona em Ré Menor", de J. S. Bach (transcrita por Ferruccio Busoni da partitura para violino solo nº 2)


O álbum "Bach", de Hélène Grimaud, sempre está a trazer-me reminiscências as mais encantadoras.

Em primeiro lugar, pela qualidade da gravação, em que a insigne pianista francesa executa a música barroca de J. S. Bach, transcrita para o piano por nomes do quilate de Franz Liszt e Sergei Rachmaninov. A propósito, a própria chacona, que Grimaud está a interpretar no videoclipe abaixo, é exemplo lapidar de transcrição, porquanto realizada pelo erudito Ferruccio Busoni, a partir duma peça bachiana originalmente composta para o violino. Em segundo lugar, pela rememoração dum momento importante da minha vida. 

Capa do álbum "Bach", de Hélène Grimaud, lançado em 2008.  

Quando do lançamento de "Bach", no ano de 2008, eu estava a perceber meu diploma de graduação na Universidade Federal. Portanto, como costuma suceder com todos os jovens que estão a ingressar no mercado de trabalho, eu tinha a sensação de que atravessava a ombreira da porta rumo a uma nova era vital.

Essa nova era assaltava-me o espírito com o receio cinzento do que esperar do futuro. Havia como que um clima de novidade no ar. Paradoxalmente, se minha vida se abria para novas experiências no campo profissional, em face do encerramento do meu bacharelado, meu apego à tradição da cultura erudita crescia. Era como se as novidades do futuro não pudessem vir desacompanhadas daqueles sons dos séculos passados pelos quais sempre me apaixonei de modo incontível. Nesse contexto, o disco "Bach", de Hélène Grimaud, figurava entre os que eu mais escutava.

         Assim, deixa-me contente observar a mim mesmo após estes dez anos do lançamento de "Bach". Meu amor pelo disco permanece tão genuíno como quando eu me formei.