domingo, 14 de junho de 2015

POEMAS QUE LEIO, POETAS QUE ADMIRO: "Jaguadarte", de Lewis Carroll (1832-1898)



 
Lewis Carroll (1832-1898) foi o pseudônimo pelo qual o reverendo britânico Charles Lutwidge Dodgson tornou-se mundialmente famoso, máxime após a publicação de "Alice no País das Maravilhas", livro infantil que, com a passagem dos séculos, tornar-se-ia um dos maiores clássicos da Literatura Inglesa. 
 
Além de grande fabuista "nonsense", Carroll também tinha talento como poeta. É o que prova o poema "Jaguadarte", que eu extraí do livro "Através do Espelho e O Que Alice Encontrou Por Lá", que Carroll escreveu em 1871 como continuação de "Alice no País das Maravilhas". 
 
Na história, Alice, ao encontrar o Homem-Ovo, pede a ajuda dele para fazê-la entender o sentido dos versos de "Jaguadarte". Alice confunde-se com as palavras, que misturam sons e sentidos. Ou seja, a menina Alice quer compreender aqueles signos linguísticos, galvanizados por uma curiosa fusão de significante (elemento material, concreto, perceptível) e significado (elemento imaterial, inteligível, conceitual).     
 
Na tradução primorosa de Augusto de Campos (missão dificílima vertê-lo ao português, como pude notar ao ler o texto original em inglês), o próprio tradutor prefacia o seu trabalho, comentando que "o mínimo que se pode dizer (de Jaguadarte) é que é um dos poemas fundantes da modernidade”. Para compô-lo, Campos anota que Carroll usou “palavras-valise, que empacotam dois ou três vocábulos num só”.
 
Como aprecio a Literatura Inglesa clássica, fica minha homenagem a este grande fabulista chamado Lewis Carroll, um homem que, com sua imaginação prodigiosa, deu origem a um mundo infantil absolutamente encantador.
 
Jabberwocky
 
All mimsy were the borogoves,
 
 
The jaws that bite, the claws that catch!
Beware the Jubjub bird, and shun
 
He took his vorpal sword in hand:
Long time the manxome foe he sought—
 
And as in uffish thought he stood,
 
One, two! One, two! And through and through
He left it dead, and with its head
 
 
Come to my arms, my beamish boy!
He chortled in his joy.
 
 
 
 
Jaguadarte
Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e reviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
 
"Foge do Jaguadarte, o que não morre!
Garra que agarra, bocarra que urra!
Foge da ave Fefel, meu filho, e corre
Do frumioso Babassura!"
 
Ele arrancou sua espada vorpal
e foi atras do inimigo do Homundo.
Na árvore Tamtam ele afinal
Parou, um dia, sonilundo.
 
E enquanto estava em sussustada sesta,
Chegou o Jaguadarte, olho de fogo,
Sorrelfiflando atraves da floresta,
E borbulia um riso louco!
 
Um dois! Um, dois! Sua espada mavorta
Vai-vem, vem-vai, para tras, para diante!
Cabeca fere, corta e, fera morta,
Ei-lo que volta galunfante.
 
"Pois entao tu mataste o Jaguadarte!
Vem aos meus braços, homenino meu!
Oh dia fremular! Bravooh! Bravarte!"
Ele se ria jubileu.
 
Era briluz.
As lesmolisas touvas roldavam e relviam nos gramilvos.
Estavam mimsicais as pintalouvas,
E os momirratos davam grilvos.
 
- Tradução de “Jabberwocky” de Lewis Carroll por Augusto de Campos
 

 

 

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