O violonista inglês Julian Bream (1933-) foi o
artista que me inspirou a escolher o violão como instrumento no meu decênio de
estudos em conservatório. Tenho por ele a maior das admirações que se pode
dedicar a um artista, porquanto Bream não se tenha limitado apenas à sua condição de
virtuose do violão; ele foi outrossim um pesquisador rigoroso da música,
responsável por trazer a lume partituras inteiras do Renascentismo inglês no
seu alcantil alaudístico.
Graças ao portento discográfico de Bream, hoje ninguém se
atreveria a supor que os anos biliosos lhe despontassem a relevância artística,
como sói acontecer com esses "artistas" de talento pífio na música popular,
idolatrados por um público ouvinte cada vez menos exigente, a chafurdar a miúdo
no analfabetismo musical típico de um lorpa.
Coerente com esse introito, é-me impossível
não lamentar o fato de que, entre os muitos concertos a que já assisti na vida,
nunca tenha podido ver apresentar-se Julian Bream, que, já com idade bastante
avançada, hoje se encontra aposentado da carreira de concertista, recolhido ao
repouso de sua vetustez no interior da Inglaterra.
Se levarei para o túmulo o desaponto
sempiterno de não ter assistido a um concerto de Julian Bream, consola-me a
ouvida dos registros sonoros que restaram do seu auge como violonista. É
o caso do concerto que ele realizou no Queen's Hall durante o
Festival de Edimburgo de 1982, transmitido em rádio por ocasião do Natal do
mesmo ano, ora disponível no sítio Youtube. No programa, o músico inglês brinda seu público com peças do barroco francês (Robert de Visee) e alemão (Sylvius Leopold Weiss), passa pela era classicista (Fernando Sor), até chegar aos compositores dos séculos XIX (Enrique Granados) e XX (Michael Berkeley).
Faço muito gosto em recomendar qualquer concerto de Julian
Bream aos leitores do blogue, pois se trata de oportunidade sem-par, a colocar-nos em contato com a arte musical no seu grau mais elevado.
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