Fui criado numa família católica, mas, desde
a infância, nunca me interessei pela religião e sua doutrina. De alguma
maneira, meu cérebro sempre rejeitou quaisquer premissas lastreadas em
supedâneos mágicos, fundadas na presunção de existência de seres sobrenaturais
todo-poderosos - uma ideia que sempre me pareceu estapafúrdia em seus próprios
termos, para além da total ausência de evidências observáveis
metodologicamente.
Assim, tive dificuldade em encontrar meu
lugar no mundo, pois, quando crianças, somos submetidos a uma lavagem cerebral,
que tenta nos converter em seguidores das crendices religiosas largamente
difundidas na sociedade – a famosa “moral de rebanho”.
Por isso, o professor Stephen Hawking sempre foi um dos meus heróis. Lembro-me
como se fosse hoje quando, no ensino fundamental, li, na biblioteca da escola,
o seu livro "O Universo numa casca de noz". Folheei-o e fiquei
extático. Posto que, à época um infante, não tivesse substrato intelectual que
me permitisse entender em plenitude o debate cosmológico que o físico inglês
estava a desenvolver, aquela leitura causou uma impressão fortíssima no meu
espírito leigo. Foi ali, por meio das palavras de Stephen Hawking, que descobri
meu amor instantâneo pela Ciência - um sentimento que só se consolidaria e
recrudesceria à medida que eu avancei nos estádios da minha formação
intelectual.
Esses são alguns dos motivos que fazem com que o passamento do professor Stephen Hawking, no dia 14 de março de 2018, mais que um dia profundamente triste para a humanidade, signifique um evento tão dorido para mim - quase como a morte de um velho amigo ou, o que seria mais apropriado, de um dos mestres que ajudaram a guiar-me pelos caminhos da curiosidade científica.
Esses são alguns dos motivos que fazem com que o passamento do professor Stephen Hawking, no dia 14 de março de 2018, mais que um dia profundamente triste para a humanidade, signifique um evento tão dorido para mim - quase como a morte de um velho amigo ou, o que seria mais apropriado, de um dos mestres que ajudaram a guiar-me pelos caminhos da curiosidade científica.
Stephen Hawking experimentou uma vida
difícil. Sua condição de portador de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - uma
doença incurável e terrível - poderia tê-lo conduzido às soluções fáceis das
respostas não-científicas, poderia tê-lo motivado a abraçar as crendices como
força motriz da existência. Mas ele as recusou. Manteve-se, ao revés, a desafiar sua
enfermidade nos estritos limites da Ciência. Nunca buscou ou aceitou qualquer
explicação de seu estado de saúde que não tivesse um fundamento estritamente
racional, calcado na observação do método científico. E, quando inquirido sobre
a sua cinebiografia "A Teoria de Tudo", filme dirigido por James
Marsh, declarou que, apesar de ter gostado do filme, achava que "faltou um
pouco mais de Ciência na forma como foi contada sua vida".
Stephen
Hawking foi fiel à Ciência e ao ateísmo até o último dos seus dias. Também
nesse aspecto espero sempre seguir o seu exemplo.
Adeus, professor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário